segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O começo de um novo ano



O final do ano pode vir acompanhado de uma intensidade de sentimentos. Iniciando um novo ano, é como se seguisse uma ligação-conexão com o ano que passou, surgindo assim, diversas questões. 
O novo ano chega como um desconhecido. E ainda vem acompanhado de muitos desejos, ideias, planos e expectativas. Trezentos e sessenta e cinco dias para irmos em busca de alguns desses tantos desejos. Alguns, porque nem sempre e quase nunca podemos alcançar tudo o que desejamos, pois a completude não existe. Somos seres incompletos. Na medida em que nos cobramos mais do que podemos, surgem as tantas frustrações. Na medida em que transformamos nossos desejos em cobranças e obrigações, estamos mais distantes de caminhar levemente. Esses conflitos são humanos e não é raro que aconteçam. Ainda mais que vivemos em mundo que nos cobra uma taxa alta para produzirmos e nos sentirmos felizes boa parte do tempo. 
Freud (1921), em Mal-Estar na Cultura, já nos falava: "Por essa razão, passaremos a uma pergunta mais modesta: O que os próprios seres humanos, através de seu comportamento, revelam ser finalidade e propósito de suas vidas? O que exigem da vida, o que nela querem alcançar? É difícil errar a resposta: eles aspiram à felicidade, querem se tornar felizes e assim permanecer. Essa aspiração tem dois lados. Uma meta positiva e a outra negativa: por um lado a ausência de dor e desprazer, por outro, a vivência de sensações intensas de prazer. Em seu sentido literal mais estrito, "felicidade" refere-se apenas a segunda."


quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Uma análise do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”

Uma análise do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”




O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é um lindo filme francês. Conta a história de uma jovem criativa e sonhadora (Amélie Poulain). O filme é delicado, sensível, rico em detalhes, em cores e simbolismos. Apresenta cenas-experiências que retratam o cotidiano e certas peculiaridades da vida. A trilha sonora da trama é encantadora, com músicas românticas e suaves, mas também com um tom dramático e melancólico.
Quando Amélie era criança, seus pais se mostram pouco afetivos, sendo assim, no ambiente familiar, as emoções ficavam sem espaço para serem expressadas e eram vistas como “doenças”. O pai de Amélie era médico e ao examiná-la percebia que seu coração estava acelerado. Porém, esse fato acontecia devido a emoção da menina com o contato do pai que era distante. Amélie é então erroneamente diagnosticada com arritmia cardíaca, não podendo frequentar a escola ou brincar com outras crianças.
A alfabetização da menina foi realizada pela própria mãe. Sua mãe que morre quando Amélie ainda era pequena. A menina sente a dor ao se deparar com essa realidade do processo de luto, de que a mãe não vai mais voltar. No filme podemos imaginar como foi esse processo de luto, frente aquela vivencia familiar que não permitia expressar os sentimentos. Amélie cresce isolada do convívio social e longe de outras crianças o que irá refletir em sua vida adulta. Uma vivencia solitária rendeu a Amélie muita imaginação e criatividade. A solidão ocupa um importante papel no filme e principalmente na vida de Amélie.

Com a maioridade, Amélie deixa a casa do pai e vai morar sozinha, muda-se para o bairro parisiense Montmartre onde trabalha de garçonete em um restaurante. Aos poucos, vamos descobrindo Amélie e percebendo o quanto ela é observadora. Repara em detalhes de tudo que a cerca, desde as coisas e situações mais simples e corriqueiras. Se deixa afetar-sentir por esses pequenos detalhes. É uma investigadora, cheia de curiosidade com o mundo. A curiosidade é justamente uma questão importante em sua vida. Amelie está sempre em busca, quer aprender, descobrir e conhecer. Esse movimento é algo que a impulsiona para frente.


Certo dia, em seu apartamento, um evento casual faz com que Amélie descubra uma caixa com brinquedos – que foi guardado por uma criança que morou no local há cerca de 50 anos. Amélie decide encontrar quem é o dono e após descobri-lo, ela encontra uma forma de entregar anonimamente, mas presencia a emoção do dono ao chorar de alegria. Neste momento, Amélie dá um novo sentido à sua vida e parece descobrir o prazer do encontro com as pessoas. Amélie ao mesmo tempo em que se satisfaz ajudando as pessoas, também tem muitas dificuldades para se relacionar com elas, o que a leva tramar de um jeito criativo para se comunicar.


Durante suas tramas, Amélie se apaixona por um rapaz (Nino), levando-a, em sua criatividade, a buscar uma maneira de expressar seu sentimento pelo jovem. Nesse contexto é onde se apresenta intensamente as contradições e conflitos das suas relações. Ao tentar demostrar seus sentimentos pelo rapaz, Amélie coloca obstáculos e barreiras que a impendem de seguir na relação. Utiliza formas para amenizar a angústia frente ao novo e desconhecido.
Amélie conseguiu, mesmo com alguns momentos solitários em sua infância, perdas e as dificuldades com seus pais, criar um sentido em sua vida sem abrir mão de sua singularidade. Apesar de todos esses conflitos iniciais, ela conseguiu (re)significar suas vivências emocionais. Mesmo com muito receio, medo e angústias que retornavam, se permitiu entrar em contato com as próprias questões emocionais – primeiro de outras pessoas e, quando mais fortalecida, de suas próprias.
Aos poucos, foi construindo melhores condições internas para lidar com questões externas de sua vida. Naquilo em que tinha maior dificuldade, foi onde Amélie (re)significou as suas vivências e deu um novo colorido à vida. Assim, o filme retrata a capacidade de Amélie re(significar) e (re) criar novas possibilidades em sua vida. Esse movimento de Amélie pode ser comparado a um processo de análise, no qual o paciente vai aos poucos e no seu tempo, enriquecendo seu mundo interno por meio da possibilidade de reflexão sobre suas próprias questões.



  Referências
Filme o Fabuloso destino de Amélie Poulain
Sublimação arte e psicanálise
Psicologia e cinema




Tecnologias

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