Uma análise do filme “O
Fabuloso Destino de Amélie Poulain”
O
Fabuloso Destino de Amélie Poulain é um lindo filme francês. Conta a história de uma jovem criativa e sonhadora (Amélie Poulain). O filme é delicado,
sensível, rico em detalhes, em cores e simbolismos. Apresenta cenas-experiências que retratam o cotidiano e
certas peculiaridades da vida. A trilha
sonora da trama é encantadora, com músicas românticas e suaves, mas também com
um tom dramático e melancólico.
Quando
Amélie era criança, seus pais se mostram pouco afetivos, sendo assim, no
ambiente familiar, as emoções ficavam sem
espaço para serem expressadas e eram vistas como “doenças”. O pai de Amélie era
médico e ao examiná-la percebia que seu coração estava acelerado. Porém, esse
fato acontecia devido a emoção da menina com o contato do pai que era distante.
Amélie é então erroneamente diagnosticada com arritmia cardíaca, não podendo
frequentar a escola ou brincar com outras crianças.
A
alfabetização da menina foi realizada pela própria mãe. Sua mãe que morre
quando Amélie ainda era pequena. A menina sente a
dor ao se deparar com essa realidade do processo de luto, de que a mãe não vai mais voltar. No filme podemos
imaginar como foi esse processo de luto, frente aquela vivencia familiar que
não permitia expressar os sentimentos. Amélie cresce isolada do convívio social e
longe de outras crianças o que irá refletir em sua vida adulta. Uma vivencia
solitária rendeu a Amélie muita imaginação e
criatividade. A solidão ocupa um
importante papel no filme e principalmente na vida de Amélie.
Com
a maioridade, Amélie deixa a casa do pai e vai morar sozinha, muda-se para o
bairro parisiense Montmartre onde trabalha de garçonete em um restaurante. Aos
poucos, vamos descobrindo Amélie e percebendo
o quanto ela é observadora. Repara em detalhes de tudo que a cerca, desde as coisas e
situações mais simples e corriqueiras. Se deixa afetar-sentir
por esses pequenos detalhes. É uma investigadora, cheia de curiosidade
com o mundo. A curiosidade é justamente uma
questão importante em sua vida. Amelie está sempre em busca, quer aprender, descobrir e conhecer. Esse movimento é algo que a impulsiona
para frente.
Certo
dia, em seu apartamento, um evento casual faz com que Amélie descubra uma caixa
com brinquedos – que foi guardado por uma criança que morou no local há cerca
de 50 anos. Amélie decide encontrar quem é o
dono e após descobri-lo, ela encontra uma
forma de entregar anonimamente, mas presencia a emoção
do dono ao chorar de alegria. Neste momento,
Amélie dá um novo sentido à sua vida e
parece descobrir o prazer do encontro com as
pessoas. Amélie ao mesmo tempo em que se satisfaz ajudando as pessoas,
também tem muitas dificuldades para se
relacionar com elas, o que a leva tramar de um jeito
criativo para se comunicar.
Durante
suas tramas, Amélie se apaixona por um rapaz
(Nino), levando-a, em sua criatividade, a buscar uma maneira de expressar seu sentimento pelo jovem. Nesse
contexto é onde se apresenta intensamente as
contradições e conflitos das suas relações. Ao
tentar demostrar seus sentimentos pelo rapaz, Amélie coloca obstáculos e
barreiras que a impendem de seguir na relação. Utiliza formas para amenizar a angústia frente ao novo e desconhecido.
Amélie
conseguiu, mesmo com alguns momentos solitários em sua infância, perdas e as
dificuldades com seus pais, criar um sentido em sua vida sem abrir mão de sua singularidade. Apesar de todos esses conflitos iniciais, ela conseguiu (re)significar suas vivências emocionais. Mesmo
com muito receio, medo e angústias que retornavam, se permitiu entrar em
contato com as próprias questões emocionais – primeiro de outras pessoas e,
quando mais fortalecida, de suas próprias.
Aos
poucos, foi construindo melhores condições internas
para lidar com questões externas de sua vida. Naquilo em que tinha maior
dificuldade, foi onde Amélie (re)significou as suas vivências e deu um novo colorido à vida. Assim, o filme retrata a
capacidade de Amélie re(significar) e (re) criar
novas possibilidades em sua vida. Esse movimento de Amélie pode ser comparado a
um processo de análise, no qual o paciente vai aos poucos e no seu tempo,
enriquecendo seu mundo interno por meio da possibilidade de reflexão sobre suas
próprias questões.
Referências
Filme
o Fabuloso destino de Amélie Poulain
Sublimação
arte e psicanálise
Psicologia
e cinema
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